Brasil, Bolívia, Colômbia, México e Peru figuram a lista dos países com maiores perdas de florestas virgens do mundo. Os cinco países da América Latina perderam quase 2 milhões de hectares de cobertura arbórea somente no ano passado, segundo um relatório do Global Forest Watch (GFW), organização que monitoramento as florestas no mundo.
Só o Brasil foi responsável por um terço da perda do mundo todo em 2019. Os dados das perdas de florestas primárias mostram desmatamento desde para fins de agricultura até aos incêndios nas matas para exploração de madeira. As analises da GFW indicam novos focos em territórios indígenas, especialmente no estado do Pará, em Trincheira Bacajá. O desmatamento foi para apropriação ilegal de terra, assim como para mineração, em Munduruku e Kayapó.
A perda de florestas tropicais na Bolívia aumentou 80% em 2019 na comparação com o ano de 2018. A perda foi tão grave que atingiu o Paraguai, levando o país a considerar pedir indenização à Bolívia por causa dos danos gerados. Essas situação deveu-se a uma combinação de condições climáticas favoráveis e a intervenção humana. A agricultura para o cultivo de soja e a criação de gado é um dos principais fatores do desmatamento na Bolívia.
Ao contrário do Brasil e da Bolívia, a Colômbia teve uma redução significativa na perda de florestas primárias em 2019. Os casos aumentaram rapidamente após um acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016. Apesar da queda, os números ainda seguem altos depois do acordo, com grandes perdas em áreas protegidas e desmatamento para a apropriação de terras e a criação de gado.
Queimadas e desmatamento aumentam em meio à pandemia
Entre janeiro e maio deste ano, foram registrados 102.885 focos de queimadas na América do Sul, segundo o sistema de monitoramento de focos ativos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os focos aumentaram 48,8% em relação ao ano de 2019, se compararmos o mesmo período. Considerando apenas o período da pandemia, abril e maio, o aumento foi de 98,8% em comparação aos mesmos meses do ano passado.
A Venezuela lidera o número de focos de queimadas na América do Sul em 2020, seguido da Colômbia e do Brasil. A Argentina que aparece na quarta colocação em números absolutos, foi o país que mais teve aumento de focos de queimadas em termos percentuais em relação a janeiro e maio do ano passado. Uruguai e Paraguai também são os que mais tiveram aumento de casos percentualmente na comparação com 2019.
Embora tenha reduzido em relação ao ano passado, o bioma da Amazônia representa a maior parte dos focos de queimada do Brasil. Enquanto isso, os focos no Pampa, Pantanal e Mata Atlântica aumentaram significativamente esse ano. Os estados da região centro-oeste, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mais o Distrito Federal, concentraram 43,9% dos focos de queimada do Brasil. Somente as queimadas no Mato Grosso do Sul aumentaram em 82% em relação ao ano passado.
De acordo com o último boletim do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento na Amazônia aumentou 171% em relação a abril de 2019. No acumulado de 2020, de janeiro a abril, o desmatamento é de 1.073 quilômetros quadrados, o que significa um aumento de 133% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente o mês de abril representa 49,3% do desmatamento da Amazônia em 2020.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou uma pesquisa em que aponta que queimadas podem ampliam risco de morte por doença respiratória. A fumaça causada pelas queimadas, que acontecem mais no período de seca (de maio a outubro), afetam as populações e os hospitais. O estudo concluiu que o número de internações por doenças respiratórias dobra nesse período na região Amazônica. As queimadas em meio a pandemia da Covid-19, levará os sistema de saúde da região colapsar ainda mais.