Autoridades desalojaram de uma casa do chamado Movimento San Isidro que, segundo governo, tentavam desestabilizar Cuba.
A reportagem publicada por Opera Mundi, reproduzida por Brasil de Fato, 30-11-2020.
O governo cubano afirma ter desmontado neste final de semana o que as autoridades do país chamaram de tentativa de “golpe brando”, desalojando de uma casa líderes do chamado Movimento San Isidro que, segundo a liderança da ilha, tentavam desestabilizar o país.
A história começa com uma “manifestação”, liderada pelo movimento, ligado às artes, que exigia do governo cubano a libertação de Denis Solís. Ele foi preso por desacato à autoridade, mas era apresentado pelo grupo como um rapper que havia sofrido censura.
Em um vídeo do começo do mês divulgado pelo portal Cubadebate, Solís aparece ofendendo e agredindo verbalmente um oficial cubano, dizendo que Donald Trump era seu presidente e pedindo a reeleição do republicano.
Segundo o Granma, membros do movimento começaram a fazer greve de fome na casa localizada no bairro de San Isidro, em Havana Velha, em um suposto protesto contra a prisão de Solís. De acordo com a imprensa cubana, eles continuavam recebendo alimentação durante a suposta greve de fome. Outras pessoas – num total de 14 – acompanhavam o movimento dentro da residência.
Na liderança do grupo, estariam Willy González, Kiki Naranjo e Jorge Luis Fernández Figueras, que, segundo a imprensa cubana, davam ordens diretamente dos Estados Unidos àqueles que se encontrava na casa. Os três estão sob a mira da Justiça cubana por crimes cometidos na ilha.
Na noite da sexta-feira (27/11), as autoridades cubanas desalojaram os manifestantes, citando o descumprimento de protocolos contra a covid-19.
Segundo Havana, o Movimento San Isidro é a origem de uma articulação de meios “a serviço dos interesses dos EUA”. “Sob o guarda-chuva da arte, do suposto vínculo de alguns deles com atividades intelectuais e artísticas, o grupo tentou de tudo: manchar a bandeira, danificar o patrimônio, burlar a lei, provocar as autoridades, violar normas e protocolos sanitários, distrair os que se aproximam, ‘fazer explodir a onda’, como escreveram alguns de seus apoiadores”.
EUA
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, chegou a tuitar durante a semana “exigindo” que o “regime cubano interrompesse o assédio ao Movimento San Isidro”. Outros oficiais norte-americanos, como Michael Kozak, subsecretário interino do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, e Mara Tekach, coordenadora do Escritório de Assuntos Cubanos do órgão, também manifestaram apoio ao movimento.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse que o país não admite “ingerências”. “Aqueles que desenharam a farsa de San Isidro se equivocaram de país, se equivocaram de história e se equivocaram de forças armadas. Não admitimos ingerências, provocações nem manipulações. Nosso povo tem todo o valor e a moral para sustentar uma luta pelo coração de Cuba”, escreveu, no Twitter.
Díaz-Canel disse, também, que “nada poderá enfrentar a desafiadora resistência cubana”, ao mesmo tempo em que compartilhou um texto do jornal Granma sobre uma nota do Ministério de Relações Exteriores de Cuba sobre ingerências norte-americanas.
“San Isidro, um ato de reality show imperial. O espetáculo imperial para destruir nossa identidade e nos submeter novamente. Todos esses planos serão derrotados”, frisou.
Os argumentos das autoridades se reforçaram quando um jornalista mexicano reconhecido por suas declarações contrárias a Cuba e ao socialismo, visitou os líderes do movimento. Segundo a polícia cubana, o jornalista veio dos EUA e não cumpriu com nenhum dos protocolos de segurança estabelecidos para conter a covid-19.
No domingo, uma manifestação a favor do governo tomou conta da praça Trillo, na capital cubana. Díaz-Canel apareceu de surpresa no local.
(*) Com Cubadebate, Granma e teleSUR.