A pandemia do novo coronavírus impactou negativamente a participação das mulheres no mercado de trabalho, gerando um retrocesso de mais de uma década nos duros avanços conquistados. Os dados sobre as ocupações e as condições de trabalho das mulheres latino-americanas foi divulgado na quarta-feira, 10-02, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A taxa de participação no mercado de trabalho das mulheres foi de 46% em 2020, enquanto em 2019 era de 52%, causando um retrocesso de mais de uma década na inclusão, segundo a pesquisa. Ainda de acordo com as estimativas, aproximadamente 118 milhões de mulheres da América Latina e Caribe estavam em situação de pobreza em 2020, aumento de 23 milhões em relação ao ano de 2019.
Tal situação é desdobramento da queda de 7,7 da economia da região em 2020, afetando fortemente o emprego e a renda dos integrantes dos domicílios. Segundo o documento da CEPAL, mais da metade das mulheres estão empregadas em setores em que tendem ter maior efeito negativo, por causa da Covid-19.
O trabalho doméstico tem sido um dos setores mais afetados, além de ser uma das ocupações com alta precariedade. Antes da pandemia, o setor representava 11,1% das mulheres empregadas, totalizando 11,9 milhões de trabalhadoras domésticas. No entanto, no segundo trimestre de 2020, os níveis de ocupação no trabalho doméstico remunerado caíram muito na região: 46,3% no Chile; 45,5% na Costa Rica; e 44,4% na Colômbia.
O setor de turismo também foi fortemente pela pandemia. Assim como no trabalho doméstico, as mulheres são mais da metade nos postos de trabalho ocupados, chegando à 61,5%, afetando principalmente as mulheres do Caribe, onde a presença é maior.
Novo pacto fiscal
Durante a apresentação do relatório, a Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, destacou a importância de realizar medidas de apoio ao emprego e a renda, para evitar o aprofundamento da pobreza das mulheres. “Além de transversalizar a perspectiva de gênero em todas as políticas de recuperação, são necessárias ações afirmativas no âmbito das políticas fiscais, do trabalho, produtivas, econômicas e sociais, que protejam os direitos das mulheres alcançados na última década, que evitem retrocessos e que enfrentem as desigualdades de gênero no curto, médio e longo prazo”, pontuou Bárcena.
O relatório completo pode ser acessado aqui.