Em meio ao debate sobre a reabertura das atividades, o último informe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a importância do saneamento básico e da higiene na retomada das aulas presenciais. O documento evidência que antes da pandemia do novo coronavírus três em cada quatro escolas não tinha água potável e saneamento básico e três em cada cinco não possibilitavam lavagem das mãos com água e sabonete na América Latina.

No início da pandemia, em março de 2020, mais de 154 milhões de crianças, ou seja, 95% dos alunos matriculados, estavam fora da escola devido à Covid-19. Na época, seis meses atrás, o UNICEF já apresentava os efeitos das escolas fechadas, pois há um grande risco dos alunos ficarem com o aprendizado atrasado, dado que 33% da população não tem acesso à internet na América Latina.

Outro ponto levantado pelo UNICEF é a interrupção da merenda escolar, atividades recreativas e extracurriculares e apoio escolar. Os serviços escolares de saúde, água, saneamento e higiene também estão afetados. No entendimento do UNICEF e da OMS, as escolas que permanecem abertas devem garantir o acesso a sabão e água potável para promover práticas de higiene.

Acesso à água: um privilégio na pandemia?

América Latina é a região com mais água doce no planeta, segundo estudo do Banco MundialBrasilColômbia e Peru estão entre os dez países com a maior quantidade de recursos hídricos do mundo. Apesar de dispor de água em abundância, 16% das escolas não contavam com serviço de água potável na América Latina. Ainda 40% delas não ofereciam a possibilidade dos alunos lavar as mãos com água e sabonete, o que representa, em número absolutos, 91,3 milhões de estudantes afetados em 2019.

Cuba e Uruguai são os únicos países da região com acesso universal de água potável nas escolas, alcançando mais 99% dos estabelecimentos de ensino. Os dados do relatório indicam que Colômbia e Nicarágua ainda precisam avançar significativamente para universalizar a água potável e a lavagem das mãos com água e sabonete nas escolas.

Sem acesso à saneamento básico

De acordo com o UNICEF e a OMS, a disponibilidade de banheiros em escola pode ter impacto positivo sobre a saúde e a aprendizagem dos alunos, especialmente para as mulheres. Na América Latina, 23% das escolas não possuíam banheiro exclusivo para uso das mulheres e 25% não ofereciam serviço sanitário básico. Como reflexo da universalização da água potável em Cuba, 99% das escolas do país possuem saneamento básico. O pior com percentual era na Nicarágua, chegando apenas em 12% das escolas.

O UNICEF e a OMS alertam que lavar as mãos tem fortes ligações com a saúde, principalmente em ambientes públicos, como escolas. Ainda destacam que o fornecimento de água nas escolas é uma das “práticas altamente eficazes para aumentar o acesso e os resultados da aprendizagem”. O UNICEF e a OMS dizem que água além de ajudar a manter a higiene pessoal, auxilia na redução da desidratação e tem sido associada à melhoria das habilidades cognitivas dos alunos nas escolas.

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